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domingo, 28 de julho de 2013

Motivo de minha ausência - 5º post



Para quem tem vindo cá espreitar, deve ter notado que estive bem ausente, o meu projecto neste blog é muito importante para mim. Mas por vezes acontecem coisas, que nos mudam tudo.

A minha vida era perfeita, não tinha problemas, não tinha nada que me "atormentasse", apesar de não ter um trabalho fixo ou estável, vou trabalhando para pagar as minhas coisas... enfim, sei dar valor mesmo a quando se tem pouco, e para mim estar bem de saúde ( eu e os meus) e estar de bem com a vida, é ter de facto uma vida boa ... Até que a minha mãe começou a notar que o meu Mickey ( na foto), estava mais paradito, comia mal... etc etc... falava em levar ao VET, mas acho que involuntariamente eu queria que ele não tivesse nada, ou talvez soubesse o que ele tinha, e não quisesse saber, por isso desvalorizava sempre, e fazia crer que ele andasse só mais em baixo.... A minha mãe levou-o ao VET,e depois de muitos exames, e internamento o diagnóstico chegou, e não era animador. O meu gato tinha um tumor no pulmão.
"Não tinha cura" - , mas nós acreditamos sempre que um milagre possa acontecer, pelo menos eu tentei sempre ter essa esperança e passa-la ao meu Mickey...
Ele veio para casa com medicação, e a nossa luta começou.
Mal comia... foram dias muito duros.
Andei tão mal, andamos todos... Não sou muito religiosa, não tenho mesmo religião, mas acredito que haja algo, acredito que Deus exista mesmo, independentemente das religiões, e pedi tanto , mas tanto a Deus, houve uma noite em que senti que ele esteve mesmo na corda bamba, e pus-lo a dormir ao meu lado, na cesta dele, em cima da minha cama. Mal tive espaço para me deitar, só queria que ele estivesse confortável, e que pudesse olhar para ele de cada vez que acordasse de noite.
Tinha medo de acordar e ele já não respirar. Senti que estava tudo nas mãos de Deus.
Até que o meu Mickey numa das vezes que olhei para ele para ver se ele estava bem, ele também acordou, e chegou o focinho dele á borda da cestinha quase a tocar na minha cara, e fechou os olhinhos como a dizer-me que estava tudo bem, não sei como , mas senti uma "paz" interior e consegui adormecer.

Senti que fui ouvida, e o meu gato começou a arrebitar. Começou a comer, a fazer as coisinhas dele, tomava bem os medicamentos.
 Também aconteceram outras  coisas, que sei que fui basicamente mais uma vez posta  a prova, e não ignorei.
Ajudei várias situações que me apareceram no caminho,e que sei que não foram ao acaso....

O meu gato estava "estável", e eu finalmente pude respirar de alívio e sorrir.
 Procurei saber mais, andei a falar com um investigador sobre o cancro em animais, que provavelmente quem já passou pelo mesmo conhece, o Dr. Joaquim Henriques,  de Lisboa.

Parecia que Deus me tinha mesmo mandado as pistas e as dicas todas, e até me apareceu um trabalho de fim de semana, em que com o que ia ganhar, conseguiria levar o meu Mickey a um especialista recomendado pelo Dr, cá no Porto.

Tenho bons momentos na memória, como o dia em que ele chegou do Vet,e se deitou em cima de mim como sempre fazia, sempre que alguém se deitava no sofá. Como o de manhã ele vir-me dar turrinhas na perna, enquanto eu tomava o peq.almoço, acho que ele lutou até onde lutou porque eu passei-lhe sempre esperança, e força para lutar, enquanto infelizmente todos cá em casa, sem excepção desde que ele veio, contaram os dias em que ele nos ia deixar. Sempre pensei positivo, e acho que o motivo dele nunca ter desistido tinha sido isso mesmo...

Até que o meu gato voltou a piorar... esteve desde uma quarta feira ( 11 Julho) , até ao seu último dia, 16 de Julho, 3ª feira, dias esses onde mal comeu, e mal dormiu.
O meu gato já não tinha posição para se deitar, deitava-se 4 minutos,e levanta-se aflito.
 Senti que havia chegado o dia.

Nunca pensei que aquilo avança-se tão rápido, tinha a pressão da minha mãe a dizer-me que ia chamar a médica que o gato estava a sofrer, e nesse dia acordei para lhe dar o medicamento e ele babou-se todo e estava aflito.
Ficava noites sentado no wall sempre na mesma posição, passei noites em branco com ele, pouca gente soube do estado em que o meu gato estava, (pelo menos por mim), penso sempre que nestas coisas quanto mais gente souber pior é.

Nessa manhã, disse que á minha mãe que era melhor chamar a médica, a minha mãe também andava muito em baixo, e apesar de ser o que ela queria para o Mickey não sofrer mais, ficou muito nervosa com a situação e a decisão que iamos ter nas nossas mãos.

Nestes dias, tirei ainda mais fotos, ao meu Mickey, chegou até nós de forma inesperada, foi tratado como um bébé, mostrou-se um lutador de raça, e infelizmente nem o fim dele era feliz.

Pedi tanto a Deus, senti mesmo que a vida é injusta e que não somos nada aqui.
Com tanto mal que as pessoas fazem umas ás outras, e até mesmo aos animais, porque raio é que o meu gato tinha de ter aquele maldito azar, e nós passar-mos por tudo isto?

Esperamos pela médica, e eu ainda com uma infima esperança que pudesse haver mais alguma coisa a fazer, nem que fosse trabalhar em algo que não gostasse para pagar. Eu faria.
Ela chegou,e viu como ele estava, e eu perguntei então se não havia algum tratamento que ele pudesse fazer.
A resposta é fácil de adivinhar, os tumores nos pulmões são fulminantes,e  quando os animais dão ares de estar doentes, já é tarde de mais.
Chorei tanto, e senti mais uma vez que não sou neste mundo.
Tinha chegado a hora, e eu não sabia o que fazer.
A médica não encontrava uma veia no Mickey, e pensei que talvez fosse mais um sinal para que aquela não fosse a hora. Mas era. A médica conseguiu dar lhe a injecção para adormecer,  mas o meu gato parece que sentiu o que lhe estávamos a fazer, e levantou-se do sofá e foi pelo chão. Foram imagens horríveis as que presenciei.

Normalmente eles "adormecem" em segundos, o meu gato demorou minutos :( senti-me tão mal, será que fiz bem, ele não tinha desistido de viver, senti-me como se a traí-lo.

O meu gato já não estava entre nós, ao vê.lo deitado parecia vivo aos meus olhos, como nos pode deixar assim de um momento para o outro?

Os meus dias desde esse dia, têm sido oscilantes, em frente aos outros tentei ser forte, sozinha choro e penso.... Nesse mesmo dia ( 16) senti o meu gato em casa, e numa das vezes vi a imagem dele na cozinha... acredito que os animais também têm alma, e acho sinceramente que ele não aceitou a sua ida, nem percebeu.

Tenho lido um livro " Amigos com Alma" que fala disso mesmo, e cada vez tenho mais certeza, que o espírito dele, por vezes está cá em casa.

Sinto que ele agora está bem, e não sofre, não que isso me sirva muito de consolo, para nós donos, o que queriamos é que isto nunca tivesse acontecido, e que os nossos animais partissem de velhice ,e  com muitos anos...

Sei que muita gente já passou por esta dor, este vazio, este nó no peito....
Esta mudança tão forte na nossa vida.
É impossível escrever isto e não chorar. A saudade é a prova mais forte, do amor que nós demos ao nosso Mickey.
Ver os nossos gatos cá em casa, tristes, porque eles também sentem, ainda dói mais.

Acredito que mais que ninguém, os Animais estão no "céu" ou "paraíso", são tão puros, e dão nos tanto amor, mas tanto que só quem os tem sabe do que falo.
Quem vive sem nunca ter sentido o que é ter o amor de um animal, vive ainda sem alma.

Há uns anos atrás, partiu o meu Lucky, e a Mimi, e ainda há  mais tempo atrás, o meu Loirinho, o Tareco, o Kaiser ( da minha ama) , o Farrusco, a Fofinha, embora fosse pequena, lembro-me vagamente de cada um deles.
Acho que já nasci para amar os animais, quando convenci a minha mãe a termos a Mimi, (já não tinhamos animais ha muito tempo) , foi um dos dias mais felizes da minha vida. Ainda me lembro do cartaz na florista onde  a fomos buscar
" Dão se gatos
Pretos, Malhados, Siameses" 


A minha passagem por cá, esta cada vez mais próxima de chegar ao fim, cada dia que vivemos com saúde, a sorrir, em paz, é um dia Feliz.

Sei que um dia vou encontrar estes meus companheiros de novo.
Embora ainda doa, e as lágrimas por vezes pareçam não parar de cair, mas temos de ser fortes, e no meu caso continuar a deixar a minha pequena pegada neste mundo, tão perfeito e com tanto para mudar ao mesmo tempo.

Vou deixar o poema do Rainbow Bridge para reconfortar quem já passou pelo mesmo.


Despeço-me desejando que aproveitem bem cada dia que passam com aqueles que amam,

Com amizade,

                                                                                            Joana A.

  Rainbow Bridge Poem  - Poema da Ponte do Arco Íris 

Bem do ladinho do céu tem um lugar chamado Ponte do Arco Íris.
Quando morre um animal que foi especial para alguém daqui, esse animal vai para Ponte do Arco Íris.

Lá existem riachos e colinas para que todos os nossos amigos possam correr e brincar juntos .
Tem muita comida, água e sol, e nossos amigos estão quentinhos e confortáveis. .

Todos os animais que estavam velhos e doentes voltaram a ter vigor e saúde; aqueles que estavam machucados ou aleijados estão inteiros e fortes novamente, exatamente como nas nossas lembranças dos tempos que já se foram.
Os animais estão felizes e contentes, exceto por uma coisinha: cada um deles sente falta de alguém muito especial , que teve que ficar para trás.
Todos correm e brincam juntos, mas chega o dia quando um subitamente para e olha para longe. Seus olhos brilhantes estão atentos; seu corpo treme de ansiedade. De repente ele começa a correr para longe do grupo, voando sobre o gramado verde, suas pernas indo mais e mais rápido.
Você foi avistado, e quando você e o seu amigo finalmente se encontrarem, vocês se abraçam numa reunião feliz, para nunca serem separados novamente. Os beijos alegres chovem sobre o seu rosto; suas mãos afagam de novo a cabeça amada, e você pode olhar mais uma vez nos olhos confiantes do seu amigo, ausentes há tanto tempo da sua vida mas nunca longe do seu coração.

Aí vocês cruzam juntos a Ponte do Arco Íris....


Autor desconhecido





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